Alguém com bom senso
Felizmente ainda existe alguém com algum bom senso, pelo menos na tomada desta decisão...
Vetou, e vetou muito bem.
A banca agiu sempre de forma irresponsável ao longo dos últimos anos e quando chega a hora da verdade não assume a responsabilidade pelos danos causados. Não precisa. Os governos dos vários países afectados fazem questão de tapar os buracos que os senhores do capital andam a abrir, e tapam-nos para estes mesmo senhores voltarem a passar por lá e, mais uma vez, deixá-los abertos.
Em defesa da recuperação dos bancos, os governos alegam que, em caso de falência, certos bancos (assim tipo o BPN) apresentam um risco sistémico, ou seja, a sua falência acarreta um risco demasiado grande e insuportável para a economia que poderia entrar em colapso por falta de crédito.
O que vai acontecer é que, com esta prática, estes bancos vão tornar-se demasiado grandes para falir, facto que coloca os governos numa situação complicada pois tornar-se-ão reféns de duas ou três instituições bancárias e terão de lançar mão de dinheiro dos contribuintes para corrigir as sucessivas borradas financeiras, tudo em prol da suposta economia...
No caso do banco islandês Icesave, os governos Britânico e Holandês, como autênticos bonecos, lá pagaram às pessoas afectadas pela ladroagem daquele banco, e agora querem que a Islândia lhes pague. Pois na minha opinião, em concordância com o Senhor Olafur Grimsson, bem deviam ficar a arder e aprender a lição.
De forma alguma deve persistir este sonambulismo e submissão que permite aos bancos tornarem-se superpotências financeiras demasiado grandes para falir, isto não pode acontecer. Em caso de irresponsabilidade na gestão, devem assumir e reconhecer as consequências dos seus comportamentos, as pessoas julgadas e condenadas e, em última instância, o banco falir. Só desta forma se pode abrir os olhos às pessoas para a existência destes salteadores que actuam ao abrigo de uma legalidade completamente absurda.
Na notícia que aqui apresento, pode prever-se que a Islândia irá sofrer fortes pressões nos próximos dias, tudo para que a lei seja ratificada... Repare-se nesta parte:
Um porta-voz do Ministério das Finanças britânico adiantou à AFP que espera que a Islândia “assuma os seus compromissos” e disse que os responsáveis do ministério “irão consultar os seus homólogos na Islândia para compreender por que é que a lei não foi ratificada e trabalhar em conjunto com os islandeses e os holandeses, no seio da União Europeia, para resolver este problema”.
Vejamos: assuma os seus compromissos....bem, de quem? Da Islândia? E porque há-de ser a Islândia a assumir este compromisso? Porque nacionalizou o Landsbanki (banco que geria os depósitos do Icesave) cujos depósitos gozavam de uma garantia de protecção em caso de perda... O governo Islandês falhou, como falha o governo português no caso BPN. Mas, na sua génese, este problema não é um problema do Estado Islandês, é um problema criado por banqueiros sem escrúpulos que não passam de uns vigaristas que têm controlado os governos de vários países e que enganavam os seus clientes atraindo-os com elevadas taxas de juro para os depósitos a prazo.
A agravar o problema temos uma Islândia que continua numa situação de fragilidade, pois necessita de ajuda financeira internacional (FMI) para recuperar da falência que sofreu e necessita de aprovação europeia para que a sua candidatura à UE (formalizada em Julho de 2009) tenha sucesso.
Apesar da população islandesa não concordar com o reembolso de tão elevada quantia por comprometer o futuro do país endividando-o por várias gerações (3800 milhões de euros), vai ter de votar SIM no referendo agora proposto pelo presidente Olafur Grimsson.
Se votar NÃO, arrisca-se a ter de se sujeitar a novo referendo até que a resposta seja afirmativa, pois os governos Britânico e Holandês, apoiados pela UE, tudo farão para que o pagamento seja efectuado na totalidade em vez de ser efectuado de acordo com as possibilidades da economia islandesa que necessita de apoio e não de mais um desfalque como aquele que foi provocado pelos três bancos que lá operavam e que culminou na falência do país em 2008.
De forma reiterada, assistimos a abusos escandalosos por parte dos bancos que actuam a seu bel-prazer. E assim actuam porque os Estados o permitem. Por isso, entre outras medidas, e para indicar apenas algumas, é necessário inverter todos os processos de privatização das mais variadas empresas públicas que temos vindo a assistir; é necessário acabar com a nacionalização de bancos que, depois de tanto sugarem, de tanto crescerem acabaram por sugar o próprio sistema e acabaram por se transformar em zombies que necessitam de ser recuperados para voltarem ao activo. Nacionaliza-se para recuperar, e posteriormente, volta às mãos dos privados; é ainda necessário adoptar medidas que impeçam situações como a transformação dos bancos em colossos financeiros que não podem tombar. Para evitar que tombem, surge a necessidade dos Estados disponibilizarem verbas a esses bancos a taxas irrisórias ou mesmo a taxas inexistentes (supostamente para empréstimos às empresas...) e que depois os bancos emprestam sob taxas de juros que podem atingir os 30%, ao arrepio das normas civis que definem e proíbem a usura.
Neste contexto, o cidadão permanece numa espécie de ignorância esclarecida, ou seja, acha-se informado e esclarecido, mas no fundo, desconhece, nalguns casos de forma absoluta, o cerne da questão. Na verdade, isto acontece porque estes problemas não são encarados com a necessária seriedade. Conhece-se o problema, mas não se tem uma verdadeira consciência dele e a população permanece serena por pensar (ou ser levada a pensar...?) que se trata de mais uma crise. E até é normal haver crises assim (banalizou-se e há resignação) e pronto, os media contam as suas histórias e, claro, sempre sem explicar qualquer conceito financeiro ou económico, enquanto os bancos enriquecem, rindo.
não li!!
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