É quase "Mágico", sim, mas no fundo é alta finança...

 Porque é que acho que o problema da SATA não é um problema e por isso não precisa resolução (do ponto de vista do valor da dívida).


A SATA é uma empresa suis generis. Accionista público que não toma medidas e só a forma jurídica da SATA é privada (sociedade anónima de capitais totalmente públicos), de resto, é como se fosse uma empresa pública.

A tutela toma decisões, é quem manda a jugo de outros senhores. Num relatório do Tribunal de Contas, foi questionado o load factor de certos voos, ao que a Administração respondeu que foi a tutela que orientou para que assim fosse, numa operação gestionária ilógica.
Porquê? Por que razão o Governo age assim e os administradores estão de mãos atadas? (se bem se lembram, o Cansado saiu por isso).

O Governo Regional não está preocupado com o problema SATA, porque....não é um problema. A oposição pergunta, às vezes, como vai resolver o problema SATA. Não vai. Não vai porque não é um problema.

Este ano, a Comissão Europeia aprovou 133 milhões de euros de empréstimo para a SATA (fora os mais de 60 milhões que foram aprovados pelo Governo...), apesar de, desde 2017, o Governo ter injectado milhões. A UE quer saber por que razão foram injectados e que isso distorce o mercado. É certo, distorce. É injusto para o mercado.
Mas ainda assim a UE aprovou o 133 milhões e agora é que quer saber.
A UE sabe que isso é para estourar em pouco tempo e sabe que a empresa não vai a lado nenhum, mas faz o seu papel, empresta e pede só a justificação. Dá um ar de boa graça ao dizer que está a pensar no mercado concorrencial e tal, pede para justificar. Mas não está. Primeiro, sabia das injecções desde 2017 e calou o bico, não interveio. Vem agora (é aí que tem de dar o ar de boa graça), pedir para justificar. Só cumpre "protocolo", porque sabe que não tem justificação.

Naturalmente, e apontem aí que é de graça, a UE não vai fazer nada quanto a isso esta auditoria, desta auditoria não vão ver consequências nenhumas nem penalização da UE.
Porque a UE não vai contra o princípio basilar que ela própria tem implementado.

A DÍVIDA.

A dívida é equivalente ao trunfo na sueca e à Rainha no xadrez. Permite fazer o que se chama de "Governance".

Em primeiro lugar, a filosofia que se criou é que a dívida é para se ir gerindo, ninguém cobra.
Em segundo, quando te dão almofada para essa gestão de 30 anos nisso, não tens que pagar a dívida. É aqui que entra a criação do dinheiro pelo BCE e pela UE. O dinheiro não existe, é uma ideia abstracta. Foi assim no Império Romano, é assim agora. Roma é que dizia quanto dinheiro era criado e o que era "dinheiro", qual o metal. Agora é o BCE, ele cria como quer, empresta-te, tem-te na mão.
Portanto, em terceiro, tens dívida, eu mando. "Governance" no seu expoente máximo. E obedeces.
A não ser que queiras ver o teu país numa guerra civil, faminto, eu mando.
Mantém na dívida, mandas.
Por isso, pontos a reter:
- cria dívida;
- mantém a dívida;
- dá impressão que estás atento à dívida e que vais tomar medidas quanto a isso;
- repete este processo infindavelmente.
É assim na SATA, Governo Regional e Governo da República. Estão nas mãos de quem emprestou e de quem cria e manda o dinheiro.

Haverá sempre dinheiro para a SATA apenas para manter a situação e não criar tumultos (já que a SATA não é apetecível em termos comerciais - ao contrário da PT, EDP, TAP e ANA, empresas que estão nas mãos da Altice (PT), Three Gorges Corporation em parte (EDP), TAP quase em mãos estrangeiras e ANA na Vinci, embora esta com contrato de concessão de exploração dos aeroportos por 50 anos).
"Eu" não te vou cobrar a dívida, só aparentemente o faço, na medida e pressão necessárias para criar essa pressão e manter sob ela, numa ilusão sem fim. É "Mágico"...

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